Bolsa cai quase 4% e dólar vai a R$ 5,32 após fala golpista de Bolsonaro
A Bolsa caía quase 4%, e o dólar operava em alta na tarde de hoje (8), após o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) ameaçar desobedecer decisões do STF (Supremo Tribunal Federal), em discursos de tom golpista nos atos de 7 de setembro, realizados em São Paulo e em Brasília.
Por volta das 16h15, o Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores brasileira, caía 3,53%, a 113.783 pontos, e o dólar comercial subia 2,72%, a R$ 5,318 na venda.
O valor do dólar divulgado diariamente pela imprensa, inclusive o UOL, refere-se ao dólar comercial. Para quem vai viajar e precisa comprar moeda em corretoras de câmbio, o valor é bem mais alto.
Novos ataques de Bolsonaro ao STF
Operadores do mercado estão elevando a cautela após os novos ataques de Bolsonaro ao STF.
Na manhã de ontem, na capital federal, Bolsonaro participou de um ato, com discurso abertamente golpista, em que ameaçou o presidente do STF, Luiz Fux.
À tarde, na capital paulista, o presidente declarou abertamente que não respeitará “qualquer decisão” do ministro Alexandre de Moraes, incitando seus apoiadores contra o STF. O mandatário ainda xingou o magistrado de “canalha” e pediu sua saída diante de cerca de 125 mil pessoas presentes na Avenida Paulista, segundo a Polícia Militar.
Participantes dos atos pediam fechamento do STF, intervenção militar e voto impresso.
Na avaliação de juristas consultados pelo UOL, ao declarar abertamente que não cumprirá “qualquer decisão” de Moraes, Bolsonaro comete crime de responsabilidade por desrespeitar os outros Poderes.
Ambiente pode ficar ainda mais tenso
Um possível impeachment do presidente Jair Bolsonaro já passou a ser discutido por diversos partidos que até o momento não fazem oposição sistemática ao governo, mas que condenaram os discursos de Bolsonaro no dia 7 de Setembro.
Os eventos de terça-feira mostram que Bolsonaro “tem ainda bastante apoio popular e continua sendo personagem importante no cenário político/eleitoral”, mas, “por outro lado, o ambiente institucional deve ficar ainda mais tenso”, escreveram analistas da Genial Investimentos.
“O resultado será de mais incerteza e volatilidade e, provavelmente, menos crescimento e mais inflação”, afirmaram.
Esse ambiente tenso prejudica ainda mais o desempenho da moeda brasileira. O clima no exterior também estava cauteloso em meio a temores de desaceleração do crescimento econômico, enquanto os investidores monitoravam as perspectivas para o estímulo do Federal Reserve, do Banco Central Europeu (BCE) e do Banco do Povo da China.
Para os analistas do Banco Original, o tamanho das manifestações “traz pouca informação adicional às pesquisas eleitorais, que já apontam para um pleito acirrado. Além disso, a agenda de reformas fica comprometida com essa antecipação”.
Este conteúdo foi gerado pelo sistema de produção automatizada de notícias do UOL e revisado pela redação antes de ser publicado.
Com informações da Reuters
Dólar fecha em forte alta após atos de 7 de Setembro e falas golpistas de Bolsonaro
Dólar fecha em forte alta após atos de 7 de Setembro e falas golpistas de Bolsonaro
Nesta quarta-feira, a moeda norte-americana avançou 2,93%, vendida a R$ 5,3276, e registrou a maior valorização percentual diária desde 24 de junho do ano passado.
Dólar dispara após atos de 7 de Setembro e discurso de Bolsonaro
Após os atos de 7 de setembro e do discurso antidemocrático do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) durante as manifestações, o dólar opera em alta nesta quarta-feira (8/9). Às 10h44, a moeda norte-americana estava a R$ 5,22 e subia a 0,88%.
Na segunda-feira (6/9), o mercado comemorava um fôlego na desvalorização do real, com o dólar fechando em queda de 0,14%, a R$ 5,1760. O cenário mudou, entretanto, com o feriado da Independência.
Marcado por protestos contra e a favor de Bolsonaro, os atos evidenciaram uma crise institucional entre os Poderes. De acordo com especialistas ouvidos pelo Metrópoles, isso deve impactar diretamente na economia.
“Os protestos mostram que vai escalar o nível de tensão e isso mantém o prêmio de risco elevado, o que pressiona a taxa de juros. Vamos continuar atentos ao mercado hoje”, afirma o economista-chefe da Necton, André Perfeito.
Durante seu discurso, Bolsonaro declarou que passará a não cumprir decisões proferidas pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
“Juramos respeitar a nossa Constituição. O ministro específico do STF perdeu as condições mínimas de continuar dentro daquele tribunal. Não podemos continuar aceitando que uma pessoa específica continue paralisando a nossa nação. Não podemos aceitar. Ou esse poder [Judiciário] pode sofrer aquilo que nós não queremos. Sabemos o valor de cada poder da República”, assinalou.
O presidente também frisou que o Executivo não aceitará mais as medidas impostas por governadores e prefeitos, autorizados pelo Poder Judiciário. “Creio que o momento chegou”, enfatizou, interrompido por gritos dos apoiadores.
O tom do discurso do mandatário do país aumentou o risco de derretimento do mercado. Com 0 resultado do dólar desta quarta-feira, a moeda americana acumulou alta de 0,12% no mês, por exemplo. No ano, há recuo de 0,22% ante o real.
Na avaliação de especialistas, a alta do dólar prejudica o país na compra de itens básicos do dia a dia do brasileiro.
“Com o dólar controlado, investidores internacionais começam a botar dinheiro no país. Assim, eles geram emprego, renda e introduzem verba na economia. O dólar caindo gera conforto. Não é só besteira de viagem para a Disney. Gasolina, gás, commodities e uma série de alimentos são afetados pela cotação do dólar”, afirmou o economista-chefe da Infinity, Jason Vieira, ao Metrópoles.